OS IMPRESSIONISTAS
14 de Marzo del 2018 a las 11:41:58 0 Leído (494) veces
Camilo Pissarro, Edgar Degas, Cláudio Monet, Eduardo Manet, Paulo Cézanne, Alfredo Sisley, Berta marissot, Pedro Augusto Renoir, são os maiores expoentes do movimento impressionista, que, surgindo na França, na segunda metade do século XIX, imprimiu uma profunda revolução na técnica e na inspiração da pintura.
Provenientes das mais diversas camadas sociais, nascidos alguns de famílias abastadas, outros do povo, possuíam todos, em comum, o amor pela arte e pela verdade na arte, e este amor leva-os a lutar contra o público e contra todos os preconceitos das velhas escolas consagradas pela tradição. Suas vidas, diversas na origem, sofrem, em seguida, as mesmas vicissitudes; juntos por uma tenaz amizade, além dos mesmos ideais, conhecem as alternativas da esperança e das desilusões, as flechadas dos críticos, a zombaria do público, o amargor das derrotas; mas a consciência de poder dizer em arte uma palavra nova, a fé em seus princípios, os sustentam e impedem-lhes de retirar-se da luta, porque o Impressionismo não é o credo de um só artista, e tem o valor porquanto é proclamado e defendido por um inteiro grupo de artistas que, quanto mais são numerosos, tanto mais conseguem sustentar que são bombardeadas de todos os lados.
1874 foi, para os impressionistas, um ano de suma importância; de fato, foi organizada uma exposição coletiva,no atelier do fotógrafo Nadar, da qual participaram em massa; e a ressonância no mundo artístico foi enorme, e crítica e publico são concordes em repetir em bloco esta nova produção. Uma obra de Monet, "Impressão-Sol nascente", dá o nome a todo o grupo, que somente se chamaria, daí por diante, de Impressionistas". Antes eram denominados "Independentes", "Intransigentes", "Adeptos de Manet" que, sendo o mais combativo, e mais conhecido também, era considerado seu chefe.
O desprezo, a zombaria, os mais injuriosos adjetivos não abatem o ânimo dos Impressionistas que, unidos mais do que nunca, participam, dois anos depois, de sua mostra, onde todos estão presentes, com um bom número de telas.
Por que não expõe suas obras na sede oficial? Porque estão cansados das contínuas recusas do "Salon". O "Salon", fundado em 1673 por Luiz XIV, foi, a princípio, reservado somente aos membros da Academia de Belas Artes, mas, em 1791, abriu suas portas aos demais pintores que, porém, para serem aceitos, deviam passar sob o rígido controle de uma comissão, de que faziam parte os mais insignes representantes da escola tradicionalista. Nos anos que vão de 1860 a 1870, os Impressionistas tentam penetrar no "Salon"; alguns, como Pissarro, Monet e Manet são, a princípio, aceitos, embora seus quadros sejam expostos em condições bem desfavoráveis, contra luz ou, então, situados tão alto que ninguém podia examiná-los.
Depois, implacáveis, vêm as recusas; as obras dos Impressionistas são constantemente barradas pelo juri e eles, como reação, apresentam-se ao "Salon dos Recusados" no qual, em 1855, tinham encontrado refúgio as obras de Coubert, recusadas pelo "Salon" oficial. Alguns anos mais tarde, em 1863, a imperatriz Eugênia consegue o reconhecimento efetivo do "Salon dos Recusados" e, para abrigar as obras recusadas, é reservado aos pintores não mais um pavilhão isolado, mas uma sala particular no edifício do "Salon".
Mas não só o "Salon" dos recusados" acolhia esses pintores; apreciava-os e esforçava-se por vender suas telas a um mercador de arte, Duran-Ruel, o único que tivera intuição do valor dos Impressionistas, o amigo das horas negras e ao qual cada um deles se dirigia para ajuda e conselho. Ele, com seu apurado gosto artístico e com a ascendência que exercia sobre a crítica, servia sempre de intermediário entre artista e público, aqui animado, ali acalmado a indignação e o ressentimento dos que achavam subvertidos os cânones da arte tradicional. É interessante e comovente percorrermos a troca de cartas entre Durand-Ruel e seus amigos impressionistas. Eles, nos momentos mais difíceis, deviam trabalhar por encomenda, e o mercador sugeria os temas mais fáceis, de venda certa. Eis Pissarro, por exemplo, obrigado a pintar leques a "guache", sobre seda, trabalho quase artificial, mas executado com aquela perícia e com aquela consciência que este pintor punha em cada ramo, mesmo no menor, de sua arte. Temos visto como as vicissitudes da vida dos Impressionistas procedem pari-passo; mas, se os ideais são os mesmos, bem diversa é a realização de cada um, que ocorre segundo uma particular sensibilidade, porque o Impressionismo é como uma sinfonia coloridíssima,ode o tema é único, mas cada instrumento vibra com sua própria voz.
Vejamo-los, pois, de perto, estes pintores julgados maniacos ou loucos, em sua fisionomia de homens e de artistas, para termos, seja mesmo de maneira concisa, um conceito mais claro de cada um.
Camilo Pissarro (1830-1903) é, em ordem de tempo, o decano. Possui um rosto sereno de profeta bíblico, com uma barba majestosa. Seu pinel miúdo e atento filtra a luz através da cor. É o pintor da vida rústica, dos campos abertos, das paisagens ensolaradas. A gurra franco-prussiana de 1870 destrói-lhe a casa de campo em Lauveciennes e algumas dezenas de seus quadros são queimados ou dispersos. Atravessa períodos de crise, pela indiferença ou desprezo da crítica, e somente diante de seu cavalete, ao ar livre, estudando o jogo do sol e das sombras sobre o verde dos prados, sobre os rostos, sobre as copas das árvores, encontra a serenidade e a confiança em si mesmo.
Seus camponeses, retratados no esforço do trabalho, são autênticos, e seu pincel não os embeleza, conserva-lhes os traços contorcidos pela fadiga; não faz deles símbolos mas sim verdadeiros homens. Raros são, na sua produção, os retratos, sempre dedicados aos seus familiares. Sua inspiração é sinceramente bucólica e somente a intervalos pinta Paris. Nos últimos anos, mudando para o campo, retorna frequentemente à cidade, onde aluga, por poucos meses, um apartamento apos outro; ali permanece o tempo necessário para pintar uma rua, um ângulo de praça, uma fuga de telhados manchados de sol, e depois volta para o campo. Mas o sol, assim longamente prescrutado, torna-se inimigo do artista. A vista ofendida não mais lhe permite pintar ao ar livre, e é patético seu peregrinar de casa em casa, onde pinta atrás das janelas semicerradas, para descansar da luz as pupilas cansadas. Dele nos restam, também, numerosas aquarelas, águas-fortes e litografias.
Junto à figura silenciosa de Pissarro, Eduardo Monet (1832-1883), o mais conhecido e o mais ardente dos Impressionistas, é também típica do jovem artista de 800. Menino, é um péssimo aluno em seu colégio e é embarcado como grumete a bordo de um navio. A viagem ao Rio de Janeiro põe-no em contato, pela primeira vez, com o mundo tropical, e lhe ficará para sempre gravado no coração o calor vivo e inesquecível. De regresso do Brasil, ele colabora com Couture, entrando em seu atelier. Mas sua concepção de arte, absolutamente em oposição aos esquemas tradicionais e convencionais, não lhe permite ficar muito tempo Com Couture. Retirando-se dali, seis anos depois, Manet fez numerosas viagens e visitou a Itália, a Alemanha, a Bélgica e a Áustria. Eduardo Manet não pinta apenas ao ar livre, porque é mais um pintor de salão, parisiense. A multidão o atrai e, no homem vê tudo quanto é estro capricho. Fantástico, audaz, em seus quadros há uma pitada de orgulho junto a uma indiscutível habilidade. As recusas do "Salon" não o preocupam, porque a abastança de sua família o protege das dificuldades financeiras, que tanto afligiram alguns de seus companheiros impressionistas. A arte é para ele uma questão de coração e de intelecto e não uma profissão. Favorecido pela sorte, com uma esposa dedicada, que lhe permite alguma expansão em sua natureza livre de artista, é sempre vencedor, e quando, no fim de sua vida aventurosa, é aclamado como um mestre, não se espanta nem se vangloria, porque a íntima certeza de sua arte nunca lhe faltou.
Bem diferente de Manet é Paulo Cézanne (1839-1906), o mais impopular dos impressionistas. Sua pintura maciça, de contornos robustos e evidentes, resultava aos críticos desagradável e cheia de desproporção. Nada de gracioso ou de fátuo em suas obras, nenhuma busca do pormenor fácil e aprazível.À um público habituado a quadros históricos, com movimentos de massas e personagens pomposos, como deviam parecer sem graça, lenhosas e duras as figuras de Cézanne! Depois de quatro recusas sucessivas no "Salon" (1863-1866- 1876 - 1886), ele expõe no "Salon dos Independentes" e, pela primeira vez, obtém aplausos, sobretudo dos jovens intelectuais. Ele ama, acima de tudo, pintar naturezas mortas e paisagens; para esse artista, a cor possui uma importância fundamental e com isso, de fato, ele enche as formas e dá sentido ao volume. Em 1904, o "Salon" oficial concede-lhe uma sala; os moços consideraram-no um mestre; sua pintura granítica lança realmente as bases para o cubismo. Picasso e Braque - para citar apenas os mais conhecidos - entenderão sua lição e, partindo de seu estilo, iniciarão um novo gênero de pintura.
E vamos agora ao último dos impressionistas, Pedro Augusto Renoir (1841-1919). De humilde família artesã.originária de Limoges, aos 13 anos, foi posto a decorar porcelanas, e logo maneja os pincéis com intuição segura e riqueza de idéias. Mas a técnica já industrializada das cerâmicas não lhe permite extrinsecar sua personalidade e passa a pintar "stores", isto é, essas cortinas rígidas, enroláveis, tão em moda nos últimos anos do século XIX, que representavam cenas pastorais ou grandes ramos de flores.
Após três anos dessa atividade, reunindo suas economias, pode inscrever-se em uma escola de Arte, em paris, e dedicar-se á verdadeira pintura. Aqui começa seu livre colóquio com o mundo das cores, que ele vê com olho de poeta, e que durará até o último instante de sua longa vida quando, tendo perdido o uso das mãos, deve prender os pinceis aos pulsos e pintar dificultosamente, sustentado apenas por aquela luz que ele sentia em seu interior e que devia transmitir ao mundo.
Seus retratos de crianças e de pastores, cheios de graça, são de um requinte e de uma riqueza que se encontram unicamente na pintura dos séculos XVII e XVIII, por todos apreciados.
Seus nus róseos e luminosos, que parecem conter na carne todos os matizes da luz, causaram-lhe, a princípio, agudas críticas, mas depois o tornaram famoso como mestre da cor. Sua humanidade é risonha e feliz e espelha seu caráter alegre, sempre pronto a uma brincadeira inocente. Seus modelos cantavam, liam, bordavam durante as posses, e é certamente por isso que são tão vivos, e o pincel lhes apanhou o sorriso do olhar, a respiração dos lábios.
Ao lado das figuras dos mestres, há Alfredo Sisley, refinado colorista e precursor do "divisionismo", de origem inglesa, mas que sempre viveu em paris, e cujos quadros estão impregnados de tons delicados; Berta Morisot, fina retratista e sensível pintora; Frederico Bazille, jovem e prometedor artista, morto na guerra de 1870, e toda uma legião menor de adeptos: literatos, musicistas, intelectuais, que, nas pegadas dos grandes mestres, dedicaram-se com entusiasmo a esta arte.
O Impressionismo, como todas as correntes que contém em si a boa semente, superou o tempo e ficará na história universal da pintura como um movimento de vanguarda, que possui o mérito de haver forjado espíritos imortais, vivos e atuais, através de suas obras, depois de quase um século.
RESUMO GERAL
Um grupo de jovens pintores, que passaram depois para a história da arte universal com o nome de "impressionistas", ligados entre si por comuns ideais e problemas, costumavam reunir-se no Café Guerbois, a fim de discutirem juntos seus programas e interesses artísticos.
Ao lado de numeroso grupo de críticos, que não ocultavam seu desprezo pelo endereço pictórico, os impressionistas contavam também com diversos apoiadores e amigos. Entre estes estava o mercador de arte Volard, que, junto a Durand Ruel, procuravam por todos os modos favorecer a venda dos quadros dos jovens pintores.
Somente Pedro Augusto Renoir teve a honra de fixar na tela o rosto do célebre musicista Richard Wagner que, de temperamento algo bizarro, nunca deixava que o retratassem. O retrato foi executado na Itália, em Palermo, e, embora o musicista houvesse passado apenas por meia hora, a obra saiu perfeita.
Em 1874, no atelier do fotógrafo Nadar, foi realizada a primeira mostra coletiva dos impressionistas. O público ainda sem condições de compreender e, portanto, apreciar a arte dos novos pintores, recebeu as telas expostas com palavras de zombaria e ásperas críticas.
Eduardo Manet, aos dezessete anos, depois dos insucessos obtidos nos estudos, deixou a França e, tentando a carreira de marinheiro, partiu para o Brasil, a bordo de um navio mercantil, onde trabalhou como grumete. Mas sua vocação pela pintura não cessou de manifestar-se, também. De fato divertiu-se durante a navegação, em pintar retratos e caricaturas dos companheiros e do comandante. Lembra-se também, um episódio particularmente cômico, ocorrido durante essa viagem: tendo de pintar de vermelho um grande número de formas de queijo holandês, que estavam descoradas, ele deu asas à sua fantasia, arabescando-as com estranhos desenhos de animais.
Em 1899, a National-Galerie de Berlin aceitou algumas telas dos pintores impressionistas Monet, Pissarro, Cézanne e Manet. Houve muito clamor e vívidas reações em toda a Alemanha. O próprio Imperador Guilherme II foi visitar o Museu. No último instante, o diretor da Galeria retirou um quadro de Cézanne, cuja técnica pictórica era muito audaz para a época. Mas o Imperador deu ordem para que retirassem também os demais quadros impressionistas, que foram enviados para o sótão.
No grupo dos impressionistas, devem ser enumeradas também duas irmãs pintoras, Berta e Edméia Morisot. Sobretudo a primeira, que se tornou hábil e apreciada artista. Aluna de Eduardo Manet, casou-se com o irmão do célebre impressionista, em 1874. Em seus quadros, muito característicos pelo toque brilhante e leve, Berta representa, geralmente, a mulher em toda a sua feminilidade.
A figura de Paul Cézanne é uma das mais importantes, entre os impressionistas, na história da arte. A paixão pela pintura, que o atormentou durante toda sua vida, foi-lhe fatal. Colhido por um temporal, quando pintava ao ar livre, perto de Aix-em-Provence, não quis interromper o trabalho. Foi encontrado sem sentidos e levado para casa, mas seu mal se agravara, e morreu poucos dias depois.
Camillo Pissarro, nos últimos anos de sua vida, foi atacado de grave moléstia nos olhos, depois do que não mais pôde suportar a vista da luz. O pintor foi, portanto, obrigado a pintar, não mais ao ar livre, mas fechado em sua casa,conservando as persianas entrelaçadas.
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Nicéas Romeo Zanchett